ars athletica
Ana Cabecinha é natural de Baleizão, Beja, e nasceu a 29/04/1984. É atleta de Alta Competição de Atletismo desde 1998, destacando-se nas categorias dos 10.000m e dos 20.000m, e é, nesta distância, recordista nacional.
Soma vários títulos nacionais, desde os escalões jovens. Em 2003 ganhou a medalha de bronze, nos 10.000m, no Campeonato da Europa de Juniores. Esteve nos Jogos Olímpicos (JO) de Pequim-2008, onde estabeleceu recorde nacional; participou também nos JO de Londres-2012 e Rio de Janeiro-2016. A atleta é campeã Ibero-Americana (2006 e 2010) e medalha de prata (2004). No Mundial de Pequim (2015) conquistou o 4.º lugar.
Ana Cabecinha, marchante do Clube Oriental de Pechão (Olhão), desde 1996, está, este mês, no pódio do Expoente M.
Tem a vida que idealizava?
Sim tenho a vida que idealizava. Sou feliz a fazer atletismo e uma apaixonada por desporto.
A intervenção/participação na sociedade deve ser uma preocupação de todos?
Eu quero acreditar que sim, que a sociedade deve ter essa preocupação de intervir e participar .
Como vê a conciliação, atualmente, da vida profissional/desportiva e familiar/profissional?
Infelizmente nunca foi fácil conciliar os estudos com a minha carreira profissional. Quando terminei o 12.º ano, tomei, sozinha, a decisão de não seguir os estudos. Hoje arrependo-me, mas estava numa fase em que estar muito tempo fora, em estágios, e fazer os meus pais pagarem a faculdade para não ir às aulas não era justo. Actualmente está melhor: os apoios aos atletas de alta competição e a entrada na faculdade. É bom ver que coisas mudaram.
Sempre consegui o apoio de toda a minha família, por isso sempre foi fácil gerir as minhas ausências e agora, com o apoio e ajuda do marido, mais fácil se torna .
Na sua vida existe equilíbrio entre essas várias áreas da sua vida?
Felizmente tenho 4 pilares importantes na minha vida que ajudam a que haja equilíbrio. Sem isso era muito difícil. Tenho o apoio da família , do marido, do treinador e do Comité Olímpico juntamente com a Federação Portuguesa de Atletismo .
Já sentiu que a sua afirmação profissional e/ou pessoal foi dificultada ou condicionada por ser mulher?
Para ser sincera nunca senti dificuldade quer a nível pessoal, quer como atleta por ser mulher, e em afirmar-me no que quer que seja. Sempre tive o apoio da família e do meu clube para conseguir vincar-me como atleta profissional, desde muito jovem.
As mulheres partilham pouco, guardam muito para si?
Na minha opinião varia de mulher para mulher, nem todas somos iguais . Há coisas que guardo para mim, outras que partilho naturalmente, e até outras que partilho pouco. Somos complicadas mas também conseguimos descomplicar facilmente e arranjar soluções e positivismo nas coisas.
O que é preciso para que as mulheres possam ver garantido o seu direito à igualdade?
É preciso haver união e muita luta para conseguirmos a igualdade neste “mundo tão masculino”. Felizmente isso está acontecer.
Como podem as mulheres contribuir para a concretização dessa Igualdade?
Felizmente já se vê muitas mulheres a fazer trabalhos que eram tidos como “de homem”, coisa que, alguns anos, atrás não acontecia; e já aí se vê como as mulheres podem contribuir e ver garantido o direito à igualdade . Ainda falta muita coisa mudar no nosso país mas, quando há união e luta, as coisas acontecem.
Qual é o seu maior sonho?
O meu maior sonho, como mulher, é ser mãe. Como atleta, é poder ganhar uma medalha num grande campeonato do mundo ou jogos olímpicos.
Saber mais: Ficha da Atleta