O futebol feminino pode e deve ser um modelo para o desporto. Vamos a tempo!

ars athletica

Sónia Calvário

O Amora FC queixou-se, esta semana, da arbitragem, num jogo que disputou com o SLB. Falamos de futebol e no feminino. O Clube refere que houve duas situações, não assinaladas pela equipa de arbitragem, das quais resultaram duas lesões graves, de duas atletas, que tiveram, inclusivamente, de sair do jogo e serem assistidas no hospital.

Não é sobre o que se passou, ou não, que pretendo pronunciar-me e sim sobre a diferença, cada vez maior, nas equipas de futebol feminino, claramente a caminho do que se verifica no masculino: a superioridade dos “grandes clubes”.

A verdade é que a diferença de idades e, naturalmente, da compleição física das atletas no futebol é visível e tem vindo a acentuar-se. De forma a estimular a modalidade é possível, não apenas no feminino, um jogador ser inscrito e jogar num escalão acima, desde que o exame médico o preveja. Mas, é também possível, mediante a realização de uma exame médico especial, saltar mais escalões. Um atleta do escalão de infantis (sub 13) pode jogar nos juniores ou até numa equipa sénior (artigo 7.º do Regulamento do estatuto, da categoria, da inscrição e transferência de jogadores, FPF). Pese embora o investimento no futebol feminino, nomeadamente na possibilidade de existirem equipas mistas até aos juvenis, no apoio financeiro e logístico à modalidade, no crescimento do número de competições, quer para equipas quer no que respeita às seleções distritais, apostou-se também, primeiro através de convite, à participação dos “grandes clubes” nacionais. É inegável o incremento que trouxe ao desenvolvimento da modalidade no feminino, inclusive pelo interesse gerado noutros “grandes”, e que até recusaram o convite, como por exemplo, e precisamente, o SLB. Relembre-se que a modalidade, apesar de invisível, existe há décadas, desenvolvido por pequenos clubes e coletividades, essencialmente de bairro. Um trabalho meritório, que deve ser reconhecido, respeitado e motivo de investimento.

O que verificamos agora é uma crescente, até galopante, diferença na preparação física das atletas, com impacto não apenas nos resultados, mas também na saúde das mesmas, com consequências para as próprias e para os clubes. O que releva ainda mais nas equipas dos pequenos clubes, entenda-se no sentido financeiro e de projeção, e essencialmente os que praticam o futebol fora dos grandes centros urbanos. Equipas compostas por atletas de várias idades, no caso das sub-19, muitas vezes incluindo jogadoras com apenas 13; com níveis de maturidade física, mental e psicológicas muito diferentes, como é natural e o que, por si só, é potenciador de lesões e do afastamento dos relvados, e dos sonhos, de muitas meninas e jovens do futebol, modalidade que, não tenho dúvidas, pode ser o grande motor de mudança do desporto no feminino e, assim, do arrepio no caminho, lento e penoso, que tem sido a luta pela Igualdade de Oportunidades na vida das mulheres.

A questão da liderança e das condições de treino já foram abordadas neste blog, que convido a ler ou a reler: Atletas e equipas femininas… “Só” muda o TPA?

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