O amor à sexta-feira!
Nádia Mira
Expoente M Rádio
A vacina ou a cura. Durante os últimos meses, têm sido estas as principais preocupações da comunidade científica internacional, de forma a que possamos regressar à normalidade possível e nos voltemos a entregar aos medos a que já nos havíamos habituado e pelos quais já tínhamos uma certa afeição. Principalmente quando cantados por Leonard Cohen.
“Ain’t No Cure for Love” é uma música escrita pelo cantor e compositor canadiano Leonard Cohen.
Inicialmente lançada em 1987 pela cantora americana Jennifer Warnes, em “Famous Blue Raincoat”, um álbum de tributo ao cantor e compositor. Posteriormente a música integrou o oitavo álbum de estúdio de Cohen, “I’m Your Man”, lançado no ano seguinte.
“Ain’t No Cure for Love” foi inspirada pela propagação da SIDA na década de 80. A história diz que Jennifer Warnes e Cohen, discutiam o tema durante um passeio pela vizinhança e Warnes constatava “As pessoas não se podem mais amar. Isso vai matá-los. O que é que vamos fazer?”. Cohen encerrou a conversa dizendo que “não há cura para o amor”. Algumas semanas depois Leonard Cohen terminou a letra e Warnes gravou a música.
Na Key Arena, em Seattle, em 2012, ao introduzir a música, Leonard Cohen reconheceu que o desejo sexual sempre o conquistou: “Estudei valores religiosos. Na verdade, amarrei-me ao mastro do desapego, mas as tempestades de desejo quebraram invariavelmente os meus limites”.
Com efeito, a religião e a libido são marcas maiores da obra de Cohen. O cantor e poeta refletia e respeitava toda a desordem e confusão da vida, feliz por misturar amor e luxúria, o divino e o humano, a alma e a carne.
É sexta-feira, aceitemos a inevitabilidade de vivermos com risco, porque existem curas que nos matam.