A Rosa
Madalena Palma
“Não te esqueças da Rosa!”
É assim que todas as semanas a minha querida amiga Sónia me alerta para a escrita.
Mas sabes Rosa, a meio do dia avisei que talvez não fosse conseguir escrever para ti ou sobre ti ou até mesmo fazer-me passar por ti.
Desdobrei-me em mil, como sempre faço desde que me aventurei em concretizar o maior dos meus sonhos. Mas os dias são cada vez mais cheios, os passos são cada vez mais minuciosos, as exigências, pedidos e requisições da nossa presença surgem mais amiúde e isso requer que não perca o foco e por vezes há coisas que ficam para trás. Mas é sempre assim, quando nos entregamos há sempre algo que fica em falta.
Durante uns dias foram as sobrancelhas, ou as raízes do cabelo, a conveniente hidratação da pele, a limpeza da casa, o sofá com os gatos, a organização da agenda, a visita à tia, o telefonema aos amigos que estão longe, ou aos que estão perto, mas não dá para tudo.
Sabes Rosa, tenho-me aventurado imenso. Tenho-me sentido sem medo. Destemida. Sabes porquê? Porque sinto-me firme e com a certeza no trajeto e no objetivo e acho que nem sob ameaça sairei desse caminho.
Não sou daquelas que diz que tudo acontece por uma razão. Não sou nada desses lugares-comuns. Sou mais de pensar que apenas sou o resultado do meu caminho. Somos todos.
E o melhor do mundo é (depois de mais um dia louco, em que entrei em 6 casas diferentes, de 5 nacionalidades diferentes, sem conhecer uma única pessoa, em que concluímos 3 protocolos com entidades diferentes, em que apanhei um banho de sol de biquíni no meu quintal, em que carreguei o telemóvel 3 vezes, em que sei ainda ter emails para responder, fiz uma maquina de roupa, arrumei o armário dos lençóis e toalhas, bebi três litros de água, não me lembro o que comi, dei um jeito às sobrancelhas, beijei o meu enteado, olhei orgulhosa para os meus filhos, cortei o cabelo e a barba ao mais velho, entre muito mais coisas que já nem sequer me lembro) chegar a casa onde amigos se reúnem à volta da mesa num ambiente extraordinário que quase faz esquecer tudo o que acontece lá fora.
Melhor ainda é, quando decido escrever para ti, alguém, curiosamente, começa a cantar “…que inveja tens tu da Rosa!”
A vida….tem um lado maravilhoso.
E que bom tu estares desse lado!
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