Estamos todos “covidados” para pensar sobre o futuro que queremos para a nossa cidade e região, logo após esta enorme “maleira” que alterou o nosso quotidiano e a nossa prática social sobre o trabalho, a cultura, economia e natureza, tal foi e ainda é, esta pandemia que desconhecemos sobre s seus reais efeitos na saúde e na convivialidade dentro das famílias, amigos e conhecidos.
O confinamento a que fomos sujeitos fez-nos pensar e tivemos muitos e longos momentos para isso, soubemos o que foi o isolamento, a forma de estar em família ou em solidão, o medo dos contágios e dos outros, o silêncio prolongado, as novas formas de trabalho à distância, a solidariedade social, a ganância das grandes empresas, gerir a crise do medo e das quebras de rendimentos, a inconsciência e irresponsabilidade de muitas instituições públicas e privadas… espero que tenhamos aprendido muito com a nossa gestão pessoal e nacional.
A nova fase de desconfinamento poderá ser uma nova fase política de desenvolvimento para as regiões mais afastadas dos centros decisórios, isto é para o interior, menos atingido pela epidemia, menos população e com estilos de vida mais calmos e humanizados. Parece-nos que cabe ao cidadão olhar em redor e participar na vida da sua região criando formas de desenvolvimento saudável e de maior equilíbrio económico sustentável. Isto é tentar remediar o mal que fizemos e lançar um olhar sobre o futuro que queremos, criando ou recriando tipologias da sociedade que mais nos faça aproximar da felicidade.
Como dizia um pensador: “todos pertencemos a uma terra, e somos nós os responsáveis por ela”. Frase que assenta muito bem, como um fato do alfaiate Loureiro, à nossa cidade de Beja, capital do Baixo-Alentejo. O que temos visto ultimamente é uma gestão corrente de uma região, tal e qual fazemos na nossa casa, varremos, aspiramos, lavamos, pintamos, etc, às vezes, tal como eu, deixo marcas de pó ou algumas nódoas por lavar, defeito ou desleixo de tarefas.
Nesta região, e após o covid 19, não podemos fazer as coisas tal como estão a ser feitas, temos que agarrar em obras estruturais que atraiam gente de fora para aqui se deslocarem e viverem, porque muito do que vai ser feito profissionalmente poderá ser feito à distância e em casa. Uma cidade como a nossa é perfeita para este novo tipo de ocupação laboral e estou de acordo com o meu amigo Serafim, quando afirma que a procura pelo silêncio saudável, pelo convívio ao fim da tarde ou pela esplanada olhando a nossa luz, vai ter uma maior procura. Temos que nos preparar para isso e, se eventualmente conseguirmos dos governos as acessibilidades que merecemos, ferrovia, estrada e aeroporto utilizado, então as condições de desenvolvimento estão todas à nossa porta. Há que aproveitá-la.
Obras que mostrem a nossa cultura e a nossa arte, as nossas tradições gastronómicas e vivenciais, como é o caso da reabilitação do núcleo histórico, o fórum romano, a criação do museu de banda desenhada, que pode ser o primeiro em Portugal e daí um museu nacional, a oferta cultural da biblioteca e da casa da cultura com as oficinas criativas, a oferta de material promocional e didáctico, uma fábrica das artes na antiga fábrica Aliança com instalações para jovens e conceituados artistas, a procura e facilitação de instalação de empresas, a oferta e diversificação da actividade desportiva e bem-estar, são tarefas urgentes, necessárias sob pena de perdermos o comboio… mais uma vez.
A adpBEJA há 40 ANOS que anda a falar sobre estes temas, mas esbarramos, muitas vezes, na opacidade dos nossos políticos, como é o caso do Museu Regional, no entanto, poucos se lembram, porque somos atacados pelo vírus do esquecimentos, antes dessa associação não havia à venda doçaria tradicional e conventual, a gastronomia tradicional tinha dado lugar às febras e aos bifes, o canto andava a vaguear pelos lares da terceira idade, as Maias tinham desaparecido nos campos de trigo para fazer companhia às papoilas, as esplanadas inexistentes ou escondidas nos quintais, a história tinha ficado nas páginas amarelidas dos livros, as obras de autores, cantores, pintores e escultores, da região eram mostradas em Lisboa e viam-se na televisão e, até, o nosso orgulho desaparecido nas águas encardidas dos nossos esgotos romanos.
Você é o responsável pela sua terra. Sendo este blog basicamente feminino deixem-me gritar, mulheres por favor tomem conta desta cidade, porque só vocês a podem salvar, os homens estão despojados de ideias e de criatividade, e isso levar-nos-á ao abismo.
Muito bem…o desafio.é prometedor e um alerta para quem quer sair do comodismo e participar no principio duma nova Era para a nossa Região.,O momento,é ùnico e não pode ser desperdiçado.Se são as Mulheres a tomar a dianteira,que sejam alguém há-de secundá-las e dar-lhe o incentivo necessário para o rumo que vamos seguir.Força Baixo-Alentejo.Força Beja.
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Bem. Já antes da pandemia se questionava se Beja tem condições para desenvolver um “novo tipo” de economia emergente: a digital. Parece que do ponto de vista das infraestruturas tecnológicas existem boas possibilidades. Por todo o distrito já pululam microempresas que as utilizam, vencendo a interioridade. A nova realidade que veio para ficar – esta pandemia – impõe com maior pertinência e premência o desenvolvimento dessas potencialidades. Os investimentos a fazer não são pesados. Há que ter imaginação, criatividade e procurar nichos de mercado. Os jovens tomarão conta desse novo caminho, estou certo.
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