carrossel dos esquisitos
Ana Ademar
Ana Ademar||Expoente M Rádio
Quem estará nas trincheiras ao teu lado?
– E isso importa?
– Mais do que própria Guerra*
Falam, falam, falam e eu não os vejo a fazer nada. Essa é que é essa: jogar as mãozinhas ao trabalho, tá quieto. Mudar as regras do jogo é que nem pensar nisso, porque depois era uma chatice, sempre de volta dos manuais para aprender a dar-lhes a volta… Contorcionismos…
Estar de bem com deus e com o diabo não é possível, não dura muito. Não dá para piscar o olho a um enquanto se aperta a mão ao outro. Ou não se aguenta por muito tempo. Ou se calhar aguenta e eu gostava que não fosse assim.
Acreditar e viver de acordo com uma verdade requer esforço, disciplina e coerência que são difíceis de manter. Quem o faz, arrisca-se a perdas pelo caminho. É mesmo assim. Contorcionistas, corpos e espinhas maleáveis vivem com menos sobressaltos, mas não são bons companheiros de trincheira.
Falam uns, outros respondem. Uns mandam, outros recebem, uns impropérios, umas asneiradas, STOP alguém foi longe de mais. Exigem-se reparos. Exigem-se desculpas. Ah e tal foi a emoção. Perdi a cabeça. Stress. A vida não anda fácil. Pede-se desculpa. Democracia, democracia, mas a liberdade de um acaba onde começa a do outro e por aí fora.
E uma coisa é não concordarmos outra coisa é chamar-te imbecil. E garanto que não tenho intenção nenhuma de ofender, é só uma constatação. É a minha opinião. Baseada em factos. Não tem de ser ofensivo chamar a alguém de imbecil. Podemos ser bastante educados mandando alguém à merda. Chamando-lhe ignóbil. Burro. Aldrabão. É só uma questão de manter a calma e basear tudo em factos, fazendo com que a imbecilidade e a burrice sejam em si um facto e não uma opinião.
Eu sou uma pessoa que aprecia factos, assim mesmo com c. Dos outros pouco me importa se os usem.
*Ernest Hemingway