O amor à sexta-feira!
Nádia Mira
Expoente M Rádio
Dizem do amor que é eterno enquanto dura. Eu, que tenho uma certa afeição pelo perene, tendo a encantar-me com a ideia do amor inabalável, isto apesar de o saber frágil… “frágil como uma bomba”. E na verdade, creio ser apenas isso tudo quanto sei acerca do amor. No que respeita ao que é eterno, confesso, o meu conhecimento é absolutamente inexistente. Estou, no entanto, inteiramente disponível para receber os ensinamentos dos Love Affair.
“Everlasting Love” é uma canção escrita por Mac Gayden e Buzz Cason e originalmente gravada por Robert Knight em 1967. Desde então, foram vários os artistas proeminentes a regravar a canção, desde Carl Carlton a Gloria Estefan, U2 ou Jamie Cullum. A versão feita pelo cantor de pop-jazz em 2004 marcou a oitava vez que a música chegou aos tops do Reino Unido, reafirmando o estatuto de segunda música com mais covers da história dos tops britânicos (à sua frente apenas “Unchained Melody” com nove versões).
Foi, no entanto, a cover dos Love Affair, lançada em 1968, que elevou exponencialmente a canção, eclipsando o original de Knight e conduzindo-a ao primeiro lugar do top. Nesse ano, no Reino Unido, apenas os Beatles venderam mais singles do que os Love Affair.
“Everlasting Love” foi o grande sucesso da banda, uma canção que aquece e empolga e que cruza e recruza a linha entre a soul e a pop, já com um piscar de olho à dance music.
Com uma cadência rítmica que cativa e magnetiza, continua, ainda hoje, a inundar de comoção e arrebatamento a pista de dança improvisada na sala de certa jovem apaixonada que eu conheço.
Apesar de me considerar uma romântica indefectível, o amor eterno já não se inclui no meu cada vez mais parco leque de crenças. Continuo, porém, a acreditar que renunciar o amor de hoje temendo a incerteza do amanhã é recusar a vida, o que é capaz de ser contraproducente para quem por cá anda a tentar viver. Pelo que, se não durar para sempre, que seja bom pelo menos por hoje… afinal é sexta-feira.