DESPORTO JOVEM: QUE FUTURO?

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Sara Mesquita

No passado dia 25 de Agosto, foram publicadas as orientações da DGS para as “infraestruturas desportivas e outros espaços onde decorra prática e competição de desporto federado; federações desportivas com utilidade pública desportiva”.

No essencial, esta orientação divide as modalidades em três níveis de perigosidade, consoante o risco de contágio por COVID-19, e nas modalidades que são consideradas de “alto risco”, os praticantes são obrigatoriamente testados nas 48 horas anteriores à competição.

Estipula ainda a Orientação, que nas modalidades consideradas de médio e alto risco, a competição e os treinos pré-competição só pode ocorrer nos escalões seniores. Nos restantes escalões, só pode haver treinos de pré-competição “no período de até 45 dias anterior à participação em competições internacionais agendadas.”

Esta Orientação, além de ser “para inglês ver”, é altamente discriminatória!

Porquê?

“Para inglês ver” porque abre uma exceção às competições e aos treinos de pré-competição dos escalões que não sejam seniores apenas para competições internacionais.

Há menos risco de contágio numa competição internacional do que numa competição nacional?

Não me parece. Pelo contrário, nas competições nacionais conhecemos e podemos fiscalizar os meios de prevenção, os planos de contingência aplicados e a fiabilidade dos testes efetuados.

E é altamente discriminatória pela distinção que faz entre os escalões seniores e os restantes.

Esta distinção não tem qualquer fundamento lógico, e muito menos legítimo, para acontecer. Pelo contrário, novamente!

Desde o início da pandemia que os mais diversos estudos apontam para a baixa transmissão da doença entre e através de crianças e também para os riscos reduzidos nas faixas etárias mais baixas, não sendo sequer considerados grupo de risco.

Mais, as aulas já voltaram ao regime presencial e os alunos convivem diariamente uns com os outros. E por muito que nos tentem iludir com planos de contingência nas escolas, são evidentes as faltas de condições das nossas salas de aulas e os escassos recursos humanos das escolas.

Há sempre quem venha dizer que ir às aulas é mais importante do que fazer desporto.

Eu diria que ir às aulas é tão importante como praticar desporto. Principalmente depois de meses em confinamento, em que aumentaram os problemas de saúde mental, socialização e obesidade em Portugal.

A prática desportiva não é apenas contacto físico. É fortalecer a saúde física e mental, desenvolver as relações humanas e ganhar as mais diversas aptidões de cooperação, ética e amizade para as gerações mais novas (os futuros seniores).

Esta discriminação emanada da Direção Geral de Saúde pode ter consequências gravíssimas não só para os jovens praticantes, como também para todos os clubes que vivem essencialmente dos escalões de formação, na medida em que os praticantes desportivos deixam de treinar e, consequentemente, de pagar as suas mensalidades aos clubes. E, naturalmente, depois da queda dos clubes, avizinha-se a queda das respetivas federações.

Como é que uma Orientação da Direção Geral da Saúde pode colocar em causa toda a estrutura desportiva e o futuro desportivo das novas gerações?

Bem sabemos que os escalões seniores dão muito mais receita ao Estado do que os escalões de formação. Mas isso é fundamento?

Não é. Não pode ser.

O desporto de formação não pode parar por isto. O desporto tem de continuar na sua plenitude e com respeito por todas as normas sanitárias.

Mulheres com garra apostam na formação!!

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