A Rosa
Madalena Palma
A ansiedade surge da incerteza dos dias. Como as estações do ano medianas que mais não são do que a preparação para o calor ou para ao frio. Neste caminho longo da incerteza nascem as inseguranças, as dúvidas e o colocar em causa tudo e todos. Aprimora-se o feitio enquanto se escolhem as mangas quentes para suportar as agruras do frio. Sulca-se a terra com mais afinco e com mais precisão. A espera não é mais do que tempo e o tempo é tudo aquilo que precisamos. Muito ou pouco o importante é saber usá-lo. Tudo isto é muito bonito mas a ansiedade que tantas vezes nos tolda o pensamento retira de nós lucidez, força e vontade. A espera. Quem espera sempre alcança, dizem. Mas a espera por algo que não depende de nós traz uma sensação má demais para ser verdade. As noites são enormes e estranhas. Os dias são incertos. Por mais que nos queiramos preparar jamais o conseguiremos fazer. Os passos pesam. Cardam o chão. Os olhos caem tantas vezes no horizonte e ali ficam focados numa linha que mais não é do que o que uma rede suspensa no imaginário. Assim é a vida. Vale para tudo. Não é preciso grandes floreados e palavras estranhas que vamos buscar ao Google, à infopédia ou ao twitter. A vida é crua. Dura. Ingrata. Não interessa se é mais para uns do que para outros. É e pronto. O que importa sim é a forma como nos posicionamos perante a sua dureza ou incerteza. E nem sempre nos colocamos a favor do vento. São tantas as vezes que levamos com ele de frente e mesmo assim caminhamos. Pesadas. Agarradas ao chão. Abraçamos o corpo para nos proteger do frio e das escabrosidades da vida. E seguimos por caminhos incertos. Em frente. Tantas vezes com os olhos semi-cerrados porque o vento e as palavras duras nos obrigam. Mas seguimos. Desistir seria o caminho mais fácil quando tanta dubiedade surge debaixo das pedras. Mas seguimos. Principalmente quando os lugares-comuns são ocupados pelo mais fácil dos recantos. Na realidade, todos os mares estão salpicados por ilhas onde podemos repousar os braços. E aí descansar da vida. E bem no centro da tormenta está sempre um deslumbrante céu azul.
Este texto mais não é do que versão crua da Rosa. Tal como a vida também ela está tantas vezes em carne viva. Não se façam filmes para o tentar perceber ou enquadrar numa qualquer novela mexicana ou venezuelana. A vida é isso. Diz respeito a cada um e só faz sentido para si. Não mais do que isso.