excorgitações
Sofia
Expoente M Rádio
Minhas queridas amigas, escrevo-lhes nestes primeiros dias de inverno (sim, primeiros dias de inverno, porque cá em casa os aquecedores ligam-se quando a temperatura baixa dos 20 graus) depois de ir ao supermercado e comprar todo o papel higiénico e vinho disponível, pois pressinto novo confinamento e, desta vez, não me vão apanhar desprevenida.
Mas, porque toda a gente está enjoada do covid (mesmo aquelas muitas amigas minhas a quem a máscara as favorece), hoje quero partilhar convosco outra temática: a gripe. Ou, mais especificamente o nude do presidente Marcelo que ofendeu tantas almas puritanas.
Começo com uma declaração de interesses: se há coisa que me aborrece, ainda mais que os gajos babosos, é a hipocrisia. Sejamos francas: conhecem alguém que passe o tempo a tirar selfies que nunca tenha enviado um nude?
Dito isto, vamos ao busílis da quaestio: só uma mente pervertida pode ficcionar que o presidente quis ir tomar a vacina da gripe no primeiro dia possível para dar um exemplo, num momento cruel em que as pessoas em geral e os mais velhos em particular fogem dos hospitais como o diabo da cruz e estão a morrer como tordos de outras patologias. Evidentemente que o presidente quis ir logo para roubar a vacina às velhinhas pobres, porque obviamente ele não conhece ninguém que lhe fosse dar uma pica ao palácio de Belém. Até porque, como é consabido, os hipocondríacos excitam-se quando vão aos centros de saúde e têm orvalhos quando vão aos hospitais (não é propriamente orvalhos que eles têm, mas agora eu sou uma menina da rádio e não quero que por minha culpa uma pobre mãe tenha de explicar aos filhos um conceito que desconhece).
Mas há uma segunda questão: por que raio o Senhor Presidente tirou a camisa para levar uma vacina como se indignam as mentes perversas das redes sociais?
Mais uma vez, não entendo as críticas: toda a minha vida, especialmente quando era mais nova e arrebitada, que até quando tinha um problema no calcanhar o médico me exigia que despisse a roupa toda. Com o Marcelo, por certo foi algo semelhante.
Embora, e porque as eleições se aproximam, sinto-me tentada a repensar o sentido de votos. Por mais adorável que sejam os peitinhos do marcelinho, estou certa que, tal como eu, também a leitora, gostaria de ver o rapaz do PCP a lutar pela democracia em nú integral.
Aliás, se aquele Robles do Bloco de Esquerda quiser ser candidato presidencial, eu prometo ir estudar medicina para lhe tratar da saúde. Tenha ele gripe, covid ou a necessidade de uns espasmos…