Ana Matos Pires nasceu a 29/02/1964, em Santo Tirso. Nunca militou em qualquer partido político mas é uma ativista, tendo participado nas campanhas dos referendos à descriminalização da IVG e na luta pelo casamento entre homossexuais; integrou o Movimento Médicos Pela Escolha e tem particular interesse pelas questões relativas à violência doméstica, como cidadã e como profissional da saúde.
Ana Matos Pires é a Senhora que segue e apresenta-se na primeira pessoa.
Chamo-me Ana. Sou a mais velha de três irmãos, mãe de uma filha e filha de duas pessoas a quem devo o que sou. Por opção e convicção nunca casei.
Sou uma independente de esquerda e uma mulher de causas.
Sou médica psiquiatra, mestre em Psiquiatria e Saúde Mental pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Divido a minha semana entre Lisboa e Beja.
Atualmente, dirijo o Serviço de Psiquiatria da ULSBA, sou Coordenadora Regional da Saúde Mental do Alentejo e assessora do Programa Nacional para a Saúde Mental da Direção Geral de Saúde.
Tem a vida que idealizava?
Nunca se tem, felizmente, acho.
A intervenção/participação na sociedade deve ser uma preocupação de todos?
Completamente. Aflige-me que assim não seja com todas as pessoas, aflige-me e entristece-me.
No seu caso como a pratica?
Participo como posso, informando-me, emitindo opiniões, lutando por causas que me parecem importantes – a despenalização do aborto e da morte assistida, por exemplo, a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, a luta pela igualdade de género, pelos direitos LGBTI, contra a violência doméstica e de género. E uma área que me é particularmente relevante, a luta contra o estigma da doença, e da/o doente, mental.
Como vê a conciliação, atualmente, da vida profissional e familiar/social?
Sempre foi uma coisa importante na minha vida e sempre tentei conciliar o mais possível. Neste momento, tenho uma filha crescida mas, mesmo antes, sempre mantive uma vida social regular. Sou uma mulher de sorte, tenho e sempre tive um grande suporte familiar e um grupo de amigos de exceção. Trabalho imenso mas não vivo sem a minha vida familiar e sem as minhas amizades.
Na sua vida existe equilíbrio entre a vida profissional e familiar/social?
Em geral diria que sim, neste momento particular, em que a pandemia existe, tem sido mais complicado porque sou médica e tenho várias responsabilidades locais, regionais e nacionais.
Já sentiu que a sua afirmação profissional e/ou pessoal foi dificultada ou condicionada por ser mulher?
Sentimos todas, apesar de achar que sou particularmente “sortuda” e protegida nesse aspeto.
As mulheres partilham pouco, guardam muito para si?
Acho que a coisa não se coloca em termos de género, há pessoas mais introvertidas e caladas e outras menos.
O que é preciso para que as mulheres possam ver garantido o seu direito à igualdade?
Ui, tanta, mas tanta coisa. Apesar de todas as conquistas – que nunca são um dado adquirido – estamos tão longe desse dia. Um exemplo? A desigualdade salarial que ainda existe em Portugal entre homens e mulheres ou a diferença de horas despendidas por homens e mulheres nas tarefas domésticas.
Como podem as mulheres contribuir para a concretização dessa Igualdade?
Lutando por ela, afirmando-se, não cedendo em coisas aparentemente “pequenas”.
Qual é o seu maior sonho?
Não consigo dizer, tenho vários. O mais próximo que consigo responder é “que os meus sonhos se realizem” (risos).
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