A Rosa
Madalena Palma
– E agora?
– E agora esperas e tens paciência.
– Espero ou tenho paciência? É que são coisas bem diferentes. Ambas têm formas bem diferentes de gestão.
– Esperas pacientemente.
– A espera inquieta-me. Não ter o controlo é-me complicado de gerir.
– Não tens outra forma. A vida é assim.
– Sabes Rosa, são esses clichets que me aborrecem. Nunca fui capaz de os dizer e não me resigno a esses lugares-comuns.
– Achas que podes fazer alguma coisa?
– Não creio. Fiz tudo o que podia fazer. O resto não está na minha mão.
– Viste o por-do-sol hoje?
– Não.
– Isso podias fazer por ti. Podias ter visto o por-do-sol. Foi maravilhoso. Apenas ver e absorver as suas luzes e a sua paz.
– Podias ser menos chata e dizer-me que a vida tem mais do que os fenómenos naturais que se podem assistir todos os dias.
– Tens alguma garantia de que podes ver o pôr-do-sol amanhã?
– …não.
– Recordas-te quando foi a última vez que o viste?
– Não!
– Então podias tê-lo visto hoje.
– …
– Amanhã podes sentir-te melhor e tudo ter passado. Amanhã podes receber as respostas que tanto anseias. Ou não e teres que continuar pacientemente à espera. Mas de uma coisa podes ter a certeza absoluta: amanhã o sol vai pôr-se às 18h13.
É um diálogo interessante – um auto-desafio entre a resiliência e a quietude,
GostarLiked by 1 person