Lixo na mente

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A Rosa

Madalena Palma

Temos a cabeça cheia de lixo e é também por isso que as pessoas me cansam.

Há dias que nem as posso nem ver.

No cérebro, o lixo é ruído. Ou seja, não permite que se escute e interiorize o que está, tantas vezes, de forma clara à nossa frente.

Por isso, em tantos momentos, saem de mim frases como “estou a fazer-me entender”, ou “olha para mim e ouve-me”. A vida está cheia de coisas. De coisas por fazer. De coisas mal feitas. De coisas que devíamos ter feito. De coisas que não queremos fazer. De coisas que delegamos para serem feitas. De coisas que nunca vamos fazer e todas elas ocupam espaço no lugar de ocuparem momentos. E muitas dessas coisas não deviam estar a ocupar espaço quando estamos ocupados em determinado momento. Confuso? Claro que é mas o cérebro é algo terrivelmente complexo, principalmente para aquelas pessoas que pensam demasiado. Por essa mesma razão, devemos compartimentar. Se estamos a lavar os dentes por que razão não devemos concentrar-nos e pensar unicamente em lavá-los bem e estamos a pensar na galinha da vizinha, ou na roupa para estender, ou na reunião que tivemos em 2007 ou nas férias do próximo ano? Ao não o fazermos com as coisas mais simples e fúteis, não conseguiremos fazer com as mais complexas e é por isso que não damos atenção a quem temos à nossa frente e em momentos chave, não ouvimos informações importantes e não as conseguimos processar.

Sugiro um simples exercício: contabilizem, quantas vezes por dia não esperam que as pessoas terminem de falar e interrompem a meio? Sugiro também que façam o reverso, ou seja, quantas vezes vos interrompem? Quantas relações, sejam elas profissionais ou de amizade não desenvolveram porque não houve espaço para diálogo? Quantas vezes explicaram ou falaram seja do que for e a pessoa não entendeu mesmo por ter ideias preconcebidas a vosso respeito ou do que fazem? Ou, quantas vezes se desiludiram? Ou desiludiram alguém. Quantas vezes já ouviram pessoas dizer “não imaginava nada que fosses assim”?

Estas questões têm respostas simples e são quantificáveis e não necessariamente qualificáveis.

E agora um outro exercício: ao lerem isto, quantos de vós, que me conhecem ou sabem quem sou pensaram: sobre quem me estou a referir na frase a ou b ou de quem estou eu a falar nesta ou naquela frase?

Se isso aconteceu é porque o meu objectivo foi atingido. Não é sobre mim ou sobre alguém especificamente que estou a escrever. É sobre todos nós. São questões que devem colocar a vocês e se não têm capacidade de o fazer é porque há demasiado lixo, ruído e ideias preconcebidas nessas cabeças. Tentem novamente fazer essas questões mas a vocês.

Limpar a mente e apenas escutar é bom, dá saúde e faz crescer interiormente.

Por último fica mais uma dica, não se esqueçam que nós não vemos as coisas como elas são, vemo-las como nós somos.

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