idos de setembro
Sónia Calvário
Em 308 Câmaras Municipais, terão sido 250 as listas encabeçadas por mulheres nestas autárquicas, das quais apenas 29 foram eleitas como presidentes. Menos 3 do que em 2017. E destas 32 houve 4 que não exerceram os seus mandatos, pelo menos até ao fim, por terem sido nomeadas para o exercício de cargos políticos. E isto num universo de quase 5 milhões e 200 mil mulheres residentes em Portugal, segundo os resultados preliminares do Censos 2021. Mais meio milhão do que homens. Elas com mais qualificações académicas.
O distrito de Beja, em 58 listas candidatas aos 13 municípios, tinha 10 mulheres a encabeçá‑las. Mais uma vez, nenhuma foi eleita. É o único distrito do país que nunca teve uma mulher a presidir uma câmara municipal.
Uma mulher não deve ser eleita apenas por ser mulher. Mas a discrepância entre o número de eleitos e eleitas, nomeadamente em lugares de liderança, deve fazer-nos questionar o status quo, as suas causas e as suas (des)vantagens.
As razões para a sub-representação do sexo feminino na política são conhecidas: segundo Maria Antónia Pires de Almeida, investigadora em Ciência Política, no CIES do ISCTE, “as mulheres continuam a ser postas nas listas porque é de lei, portanto, os partidos cumprem a lei, mas continuam a não as pôr num lugar elegível para presidente da câmara. É um problema persistente, que tem muito que ver com o sistema partidário, e que tem muitas causas, mas é um problema que pelos vistos está a agravar-se em vez de ser melhorado”. Contrariar o que apelida como mundo de homens “passa pela luta contra a abstenção, pelo aumento do voto jovem e também pelo ensino”.
A igualdade parece continuar a ser uma miragem.