Uma pequena gota num mar imenso de vontade e amor

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A Rosa

Madalena Palma

Assim do nada, uma pessoa leva com uma rebanhada de sentimentos. É que leva com eles mesmo nas ventas, que o cabelo até anda pelos ares. Leva de todos os lados que quase não consegue manter o equilíbrio e por trás como se de um abraço com impulso se tratasse.

Caramba que uma pessoa não aguenta tanta coisa. Não aguenta mesmo.

E depois compartimenta. Tem de ser. Vai metendo em gavetas, algumas fechadas a cadeado para ninguém estragar a beleza do que ali se encontra e outras com uma abertura laça para conseguir abrir a toda a hora.

Nestes últimos meses ganhei calo. Calo no rabo, nas costas, na sola dos pés. Mergulhei num mar imenso de ideias e projetos. De cabeça e firme. Porque sim. Sou teimosa, mais comigo do que com os outros. Exigente, mais comigo do que com os outros. Intolerante com a estupidez. E  mesmo depois de tanta pancada ainda apanho deceções e surpresas. Mas assim é a vida.

De vez em quando vem a respiração pesada, mazelas da merda do Covid, e as picadas no coração. Ansiedade. A minha é melancólica. Afasto-me, distancio-me, paro, fico mais lenta, quando me sinto assoberbada. Olho, observo com tempo.
E neste momento, rodeada de mar imenso questiono-me sobre o tamanho que tenho. Vem o síndrome do impostor. Ao de leve.

Depois penso “haverá alguém que faça coisas que não tenha este síndrome?” Não me parece.

Não sabem o que é? Deviam saber, mas eu explico: A síndrome do impostor é uma desordem psicológica que pode afetar qualquer pessoa. Quem possui esse problema não consegue reconhecer suas realizações pessoais e profissionais como fruto de sua capacidade e de seu esforço. Ao contrário disso, acredita que as suas conquistas se devem a outros fatores, como sorte, ajuda de terceiros ou até intervenção divina.
Quem sofre deste síndrome experimenta um misto de sentimentos que envolve insegurança, baixa autoestima, complexo de inferioridade, perfeccionismo. E por imensos momentos penso nisso.

Mas rapidamente me passa.

Colhemos o que plantamos e se plantamos ananás não podemos estar à espera de colher favas. E todos os momentos são de colheita e de sementeira. E hoje colho no preciso momento em que estou a plantar. E é tão bom este momento. Não se deve à sorte nem a intervenção divina se bem que em imensos momentos chamo pela minha mãezinha. Deve-se a trabalho árduo, consistência e paz.

Uma pequena gota num mar imenso de vontade e amor.

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