excogitações
Sofia
Porque estive fora do País, no último mês não partilhei as minhas tontas reflexões sobre os resultados das eleições autárquicas e, hoje, quando na companhia de um temporal escrevo estes parágrafos, já estamos nos preliminares das eleições legislativas.
Não me interpretem mal: eu gosto imenso de eleições. Acho que são a festa da democracia e, como é dia de festa, faço sempre questão de comprar umas cuequinhas novas. Até porque, temo que no final da noite me vá sentir votada e mal paga. O meu drama é que cada vez o mês é maior do que o ordenado e não tenho condições económicas para andar a comprar lingerie de três em três meses.
Eu sei que as pessoas ditas normais estão preocupadas com o Plano de resiliência e quem é que vai meter mais dinheiro ao bolso com as obras públicas, sobre as reformas e o aumento de cêntimos nos ordenados e essas coisas todas que homens e mulheres enfatados discursam nos telejornais do nosso mundo, mas, porque sou uma moçoila simples, preocupo-me com coisas menos complexas, nomeadamente, qual a roupa que vou vestir num ato eleitoral em que todos os partidos estão condenados a perder, mas que, no final da noite, todos vão garantir que ganharam
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Confesso que entendo aqueles que queriam eleições na noite a seguir ao Natal. Por um lado, estas eleições em que existem vários partidos são sempre uma confusão e, porque insistem neste dislate, o ideal era os partidos de que não gosto estarem em plena guerra civil. E mais importante que tudo isso: como recebo sempre uma roupinha pelo Natal, ficava com o problema da indumentário resolvido.
Até porque, como a confusão pós-eleitoral vai ser quimérica e provar aquele velho axioma do país que não se governa nem se deixa governar, lá para o outono é possível irmos todos outras vez para as urnas. A minha única dúvida é se vamos para as urnas de votar ou para aqueloutras onde se depositam as cinzas…