“AS OPINIÕES SÃO COMO AS VAGINAS: CADA UM TEM A SUA E QUEM QUER DÁ-LA, DÁ-LA.”

carrossel dos esquisitos

Ana Ademar

Apercebo-me que a silly season foi abolida. Se bem se lembram, a silly season acontecia no Verão: perante o encerramento de vários serviços, incluindo do Estado, a ausência de notícias provocava uma torrente de não-notícias a encher as capas de jornais e os posts das redes sociais e dávamos por nós a discutir disparates proferidos por gente disparatada e que redacções sem mais que noticiar, disparatadamente publicavam. De momento temos em mãos 365 dias (se tivermos sorte e não for ano bissexto!) de silly, que já não é season, porque não está circunscrita a um período de tempo.

Ainda que nos últimos meses tenha investido numa espécie de sabática na minha actualização, relativamente ao que se vai passando no país e no mundo, acontece que, ainda assim, não consigo, nem quero escapar a todos os disparates que vão sendo ditos e praticados. Chamar-lhes disparates é um eufemismo, algumas são coisas graves e perigosas.

Saíu ontem no Público uma crónica de António Marujo que me fez olhar de uma perspectiva nova sobre a bancada metralha que temos actualmente na AR. O título é: “O Fascismo Anticristão do Chega, a Igreja e os Jornalistas” e meus amigos, merece ser lida. Deixa muito claras as contradições entre o que o Evangelho defende e o que eles, com a boca cheia do que chamam “catolicismo”, efectivamente defendem.

Eu cá sou pela liberdade individual de acreditar no ser imaginário que se quiser, já eles, com todo o direito a fazê-lo, sabe-se que vão à missa, confessam-se, penitenciam-se pelos pecados, pedem perdão, comungam, batem com a mão no peito, rezam e até aí tudo bem. Mas, em nome da coerência e até da credibilidade perante quem os ouve, isso acarreta a responsabilidade de, no quotidiano, marcarem a sua acção pelas regras que a sua religião defende. E não há religião alguma que defenda o ódio. Essas são “leituras” convenientes a uns e a outros, com interesses que nada têm de edificantes e menos ainda religiosos. Tudo em nome de mais uns quantos de votos. E é precisamente aqui que entra o artigo do António Marujo que expõe de forma muito clara o que diz o Evangelho, que eles tanto anunciam, e o quão contraditórias são as intervenções dos ditos metralhas. E para citar apenas um exemplo aí fica: “Como esta, do livro do Levítico (19, 33-34): “Se um estrangeiro vier residir contigo na tua terra, não o oprimirás. O estrangeiro que reside convosco será tratado como um dos vossos compatriotas e amá-lo-ás como a ti mesmo, porque fostes estrangeiros na terra do Egipto.”

A semana que passou fomos brindados com (mais) um discurso de ódio naquela que é a Casa da Democracia, proferido pelo cabeça da bancada metralha – e, como diz o outro, não quero voltar a um assunto acabado, mas aquela agremiação de patifes é realmente constitucional? De direito constitucional não percebo nada, mas custa-me acreditar que a nossa Constituição veja com bons olhos o racismo, a xenofobia, a homofobia e o machismo com que adornam os discursos de cada vez que abrem a boca. Eu vi as imagens da Assembleia da República, e eu que nunca achei piada a meninos que batem o pé, menos ainda a adultos que batem com as portas, acho extraordinário como este comportamento é tolerado sem consequências de maior. No fundo, se formos a ver, é abandono do local de trabalho… não sei se dá despedimento, mas espero que pelo menos lhes tenham descontado o dia.

E por falar em falsos beatos e deturpação de livros sagrados, defesa do obscurantismo e da ignorância e de partidos protofascistas… então e aqueles pais de Famalicão, ãh?! Não li a entrevista porque mantive o meu jejum noticioso, mas divirto-me imenso com os memes que se vão publicando. Piadas à parte, é coisa para levar a sério, ainda que o humor tenha de facto muito que se lhe diga… quem poderia imaginar que o Diácono Remédios afinal não era uma personagem fictícia?!

E se acham que saltei de um assunto para o outro, é porque não estão informados. O advogado do Diácono-Remédios-a-sério é o irmão do outro que está na bancada metralha da AR e se acharem que é coincidência é porque ainda são mais ingénuos que eu.

Em relação aos miúdos, lamento muito. Não têm, nem terão vida fácil, certamente. Mas a seu tempo e para seu bem, haverão de vingar-se desta patifaria que faz deles peões de um jogo bem sujo… lembram-se de quem era a mãe do Diácono? Pois, a vida tem destas coisas…

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