Celina Nobre

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Maria Celina é o meu nome. Tal como a professora primária da minha mãe.

Por até já, na barriga da minha mãe, estar ao contrário fui nascer a Lisboa! Na altura cesarianas eram raras e não se faziam por estas bandas. Foi no Alentejo que me criei, regressando à casa dos avós maternos, na sequência da partida prematura do meu pai, exactamente um mês antes que eu chegasse ao mundo.

No meu imaginário ainda piso poças d’água entre o Monte da Rocha e a Conceição. Faço o caminho depressa. A professora Regina nunca tolerou atrasos. No ciclo, em Ourique, a tia Mariana também não era dada a frouxidões. Era preciso acertar o passo e não falhar a missa. Já adolescente, quando vim estudar para o Liceu, as irmãs do Lar de Santa Maria também não gostavam que descesse “as escadas da perdição”. Agora que já não me ouvem, e que até a minha filha já fez 19 anos, desci-as algumas vezes. Muitas vezes! Quem resistia, aos 15 anos, à discoteca da moda na cidade? Aos 17 mudei-me para outra cidade que ainda hoje me faz sorrir. Évora. Na minha UÉ estudei Sociologia. Contrariei uma família inteira que me queria advogada. Aos 22 fui professora. Formadora. Aos 30 o IEFP esperava-me. Continua a esperar-me. Por lirismo pragmático fui eleita presidente de junta numa lista independente. Em Casével e por Casével provei a mim mesma que a melhor Sociologia faz-se. Construindo o bem comum. Sempre em pequena escala. A minha escala. Tenho os melhores amigos do mundo. Colecionei-os ao longo da vida e guardo-os como as minhas maiores relíquias. Nos últimos tempos para além de falarmos do reumático e de como a puta da vida, de quando em vez, é traiçoeira, também ainda falamos de poesia. E por falar em poesia, aos 36 nasceu a Kika. A minha Kika. Caminhamos juntas. Nem sempre convergentes. Onde estive, estive sempre. Hoje sinto-me absolutamente acompanhada. Paradoxalmente sozinha. Encaro a vida com energia, entusiasmo e motivação. Gosto de pessoas e das potencialidades das relações com elas. Valorizo o meu papel enquanto cidadã.

Sou a filha da Bia da Rocha e do António Guerreiro dos Aivados.

Sempre em construção.

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