Maria Manuela Rodrigues da Silva Oliveira nasceu a 26/11/1947, em Vila Nova de Famalicão. A primeira de 2 filhos de um pequeno agricultor e de uma professora concluiu o liceu na Póvoa do Varzim, em 1965, e licenciou-se em Geografia, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 5 anos mais tarde, mudando-se para Lisboa, onde deu aulas durante um ano, até ingressar na Divisão de Planeamento Regional do Ministério do Plano, onde se manteve até 1977, altura em que rumou ao Alentejo, com o marido, integrando os quadros da Câmara Municipal de Évora. Pós graduou‑se em “Administração Pública e Planeamento Regional na perspetiva da União Europeia”, pela Universidade de Évora, em 1992.
A 16 de dezembro de 1979, nas segundas eleições autárquicas (democráticas), Maria Manuela Oliveira foi eleita a primeira Presidente de Câmara no Alentejo, encabeçando a lista da APU (Aliança Povo Unido), com 63,3%, sendo reeleita em 1982, com 66,9%, mandato a que renunciou a meio, em 1984, por questões de saúde (até 2005 os mandatos autárquicos eram de 3 anos), regressando à Câmara de Évora onde desempenhou diversas funções, nomeadamente a chefia dos Serviços Urbanos, do Departamento Económico e de Planeamento Integrado, bem como do Departamento do Centro Histórico, Património e Cultura, até se aposentar, em 2010.
Como Presidente da Câmara Municipal de Portel, pode ler-se numa entrevista dada ao Diário do Alentejo, em novembro de 1983, desenvolveu um trabalho coletivo, com as Juntas de Freguesia, Assembleia Municipal e população, com os quais discutiu os planos de ação, privilegiando a proximidade e a informação, através da publicação regular do Boletim Municipal; priorizou o saneamento básico e preteriu o arranjo dos arruamentos em prol dos equipamentos sociais, como os centros médicos, de dia, de convívio, a reparação das escolas primárias e pré-primárias, o campo de jogos ou as piscinas. Caracterizou a sua gestão pela contenção e organizou a Câmara, que tinha encontrado sem serviços, sem planos, com pouco mais de 40 trabalhadores, e quase nenhum especializado; apostou na contratação de pessoal, planificou, adquiriu equipamentos e descentralizou verbas e competências nas Juntas de Freguesia que ajudaram a desenvolver o concelho. Considera que foram tempos duros, mas gratificantes, um dos períodos mais difíceis da sua vida, mas que não o trocaria por nada. Conta, em 2016, que a par do trabalho esgotante havia os fins-de-semana junto ao Degebe e ao Guadiana, com pesca, petiscos e cante, as noites ao fresco em que se sentava na sua cadeirinha de buinho com as vizinhas, que com “as conversas picantes sobre toda a gente” a faziam rir, e a dificuldade em ser mulher, naquela posição, naquele tempo, ultrapassadas com a ajuda das outras mulheres, as suas aliadas, que, sem descurarem os afazeres domésticos, lá iam, animadas, “ajudar a realizar festas, feiras e romarias, quase sem dinheiro”.
Maria Manuela Oliveira aceitou o convite para encabeçar a lista como “uma espécie de cumprimento de um serviço cívico”, numa altura em que, diz, “com a criação do poder local democrático era obrigação de todos contribuir para uma nova realidade”. Contou sempre com o apoio incondicional do marido, e dedicou-se de corpo e alma. Descreve o poder local como “uma das grandes pedras da construção de uma sociedade democrática” e que se soubesse escrever lhe dedicaria um romance; se soubesse compor faria uma sinfonia.