Para tu (ou palavras esparsas num rito de enamoramento)

excorgitações

Sofia

Podcast

Pediste-me (exigiste-me) palavras e apenas consegui oferecer-te gestos. Ainda que puros e genuínos. Mas tu precisavas do verbo. Ansiavas por uma prosa suscetível de serenar as tuas ansiedades (como se a palavra te pudesse oferecer tranquilidade). Dediquei-te um sorriso plácido, mas imploravas vocábulos. Intensos, totais, profundos.

 Presenteaste-me tempo. Para me procurar na imensidão do meu eu. Reencontrar-me (encontrar-me, quiçá, porque provavelmente num tinha sido eu!). Indagar o nós!

 Foi premeditado? Ou estavas tão perdido quanto eu?

Regressei sem nunca ter partido. Mais eu. Completamente eu. Toda, inteira, como no poema. Inapta para fazer versos. Sempre fui gaja (miúda) de prosa. E de diálogos, muitas vezes mudos. 

 Timidamente falei. Até por escrito, em papel, como no antigamente. Faltou o carimbo, mas escrive-te com selo. Verde. Como a esperança. 

 Compreendi (finalmente) que não basta mostrar e ser. É preciso dizer. Que nada é mais eloquente que a simplicidade dos pequenos nadas. Que o nada é o tudo. 

 Gostaste? (gostas-me?) 

 

 

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