Medir o campo com fósforos*

idos de outubro

Sónia Calvário

Esta semana assinalou-se a Igualdade Género, com o Parlamento Europeu a dedicar-lhe, pela segunda vez, uma semana inteira de debates e reflexões, nomeadamente sobre as conclusões do último relatório que indica um ligeiríssimo progresso dos países na UE nesta área, com Portugal a manter-se abaixo da média europeia, esta que apresenta um índice de 68 pontos e o nosso país com um índice de 62.2.

Foi também conhecido relatório da CIG, sobre a situação, em 2021, da Igualdade de Género em Portugal, nos domínios da sustentabilidade ambiental, transição digital e direitos sociais.

Em ambos os estudos verificam-se algumas melhorias, mas confirma-se, mais uma vez, que o grande obstáculo para atingir e evoluir, em termos de IG, reside no tempo dedicado às tarefas domésticas e cuidados à família, que continua a sobrecarregar quase quatro vezes mais as mulheres. Aspeto que condiciona a progressão profissional, por falta de tempo para investir na formação contínua e na dedicação mais focada nesta área tão importante para a realização pessoal. Também condiciona a prática da atividade física e a adoção de hábitos saudáveis, indiciando que as mulheres vivam menos tempo com qualidade, após os 65 anos, do que os homens.

O Instituto Europeu para Igualdade de Género, como centro de conhecimento, identifica as disparidades entre mulheres e homens e socorre-se do Índice de IG que se baseia em seis domínios fundamentais: trabalho, dinheiro, conhecimento, tempo, saúde e poder. E os estudos têm apontado sistematicamente que a adoção de políticas públicas que promovam a participação das mulheres na esfera pública, inclusivamente nos centros de tomada de decisão, têm sido preponderantes para a evolução dos países-membros no que respeita à IG.

O chumbo do Orçamento do Estado ditou, ao que parece, eleições legislativas antecipadas. A Atual legislatura já teve por base a atualização da chamada Lei da Paridade que impõe listas compostas por, pelo menos, 40% de candidatos de ambos os sexos. Em 2019, foram eleitas 89 mulheres para a Assembleia da República, num universo de 230 lugares. Sem prejuízo do cumprimento das quotas, resta saber se, nas eleições legislativas que se avizinham, os partidos políticos colocarão mais mulheres em lugares elegíveis nas listas que apresentarão nos círculos eleitorais.

*O caminho para a IG faz-me lembrar uma praxe que se usava na Secundária onde estudei: medir o campo desportivo com fósforos.

Saber mais: https://www.cig.gov.pt/area-igualdade-em-numeros/igualdade-em-numeros/
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